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O olhar da Catarina sobre as minhas fotos

Embora seja designer de profissão, a Catarina, do blog Idem Aspas, explora a sua criatividade também através da escrita.  Às vezes a sua imaginação leva-a a reescrever a história do Capuchinho Vermelho. Desta vez fê-la aceitar o desafio de escrever sobre uma das minhas fotografias. Escolheu esta, de um barco vermelho, que a fez navegar por uma história deliciosa que têm mesmo de ler.
 

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"Acordou com um barulho que não percebeu de onde vinha. Nem sabia se tal som tinha existido, ou se o sonhara e tudo se passara na sua mente. Sabia que tinha acordado da sua sesta habitual, e portanto não valia a pena deixar-se estar ali, a tentar retomar o sono interrompido.

 

Levantou-se com esforço, carregando o peso da idade, da sabedoria, e de uma vida atribulada cujos fantasmas não conseguia esquecer. Acariciou o gato malhado que dormia no braço do sofá, e procurou a caneca de leite que tinha levado consigo para a deixar na bancada, não fosse o gato lá chegar. Tinha-o recolhido um dia no cais, aparecera sabe-se lá de onde, e Joaquim encantou-se pela sua cor malhada em tons de ruivo e amarelo. A contragosto acabou por levá-lo para casa, e claro, depois de o alimentar nunca mais dali saíra. O gato seguia-o para todo o lado, e conseguira a proeza de ir com ele num barco à pesca, Joaquim achara isso impossível, mas vira-o com os seus olhos. Por vezes pensava que o gato não era um gato. Tinha algo que lhe lembrava alguém, mas esse alguém já lhe fora levado há muitos anos, e só as lembranças permaneciam.

 

Retirou o casaco do cabide e deixou-o cair sobre os ombros. Janeiro trouxera um frio cortante mas acalmara a chuva e Joaquim saiu para um passeio curto, talvez uma ida ao café, algo que lhe permitisse esticar as pernas. Já não ia para novo, e sentia-se cada vez mais velho.

Desceu a rua empedrada direito ao cais, observou as últimas horas de sol que traziam à vista um tom rosado, e virou-se para tomar a direcção do café.

 

Nesse momento viu-a, parada no cais, perscrutando a paisagem.

 

Não sabia se era ela, achava até que não seria, mas era parecida. Tinha o mesmo cabelo ruivo ondulante, o mesmo andar suave, a constituição delicada. Esperou um momento, olhou em volta. Ao longe a camionete que vinha uma vez por semana afastava-se lentamente pela estrada aos esses. Quando ela se virou pode observar o seu rosto, meio encoberto por uma boina branca que trazia à francesa. Respirou fundo deixando entrar o ar salgado pelos pulmões. Voltara.

 

Depois de tantos anos, já nem sabia bem quantos, ela voltara àquela terra que abandonara tão facilmente, carregando consigo a revolta e o ímpeto dos quinze anos. Durante algum tempo ainda escrevera, mas Joaquim acreditava que teria desistido pela falta de resposta. Na sua cabeça talvez não tivesse percebido que o pai, homem do mar, curtido do sol, não sabia ler, apenas decorava algumas palavras e fingia. Guardava todas as suas cartas, poucas é certo, numa lata na cozinha, e quando a queria recordar retirava-as e alisava o papel e olhava a letra bonita que herdara da mãe. Imaginava-a a viver os seus sonhos, algures numa cidade cheia de luz onde sempre desejara viver.

 

Uma lágrima escorria-lhe pela cara, sentiu-lhe o sabor salgado, limpou as outras com as costas da mão e retomou a direcção do café. Não sabia já se andava, se levitava, se corria. Correr não corria, as suas pernas não deixavam, mas o seu pensamento sim. O seu pensamento correra a abraçá-la, mas o seu corpo fugia do reencontro. Esperaria, mais um pouco e ela escolheria de voltava ou se também fugia"

 

Obrigado Catarina!

 

Estou a contar com as vossas participações! Para se inspirarem dêem uma vista de olhos pelo meu instagramEscrevam uma história de ficção, sobre um episódio da vossa vida, ou simplesmente sobre para onde a mente vos faz viajar. Enviem-me a vossa participação para o meu email (joaoandreqff@gmail.com) e irei publicando aqui no blog.

Correr em Setúbal

Vivi em Setúbal até aos meus vinte e tal anos. Continuo a ir até lá frequentemente, claro, afinal é onde continua a morar minha família mais próxima, mas muitas vezes são quase visitas de médico. Este fim-de-semana acabei por ficar mais tempo e dormi lá de Sábado para Domingo. Como já sabia que ia ser assim, quando saí de casa Sábado à tarde, guardei o equipamento de corrida na mala.

 

Uma das coisas que mais tenho saudades da cidade de Setúbal é de correr à beira rio. Tão bom sentir a brisa fresca que vem do rio, passar pelos barcos de pesca atracados na doca, pelas pequenas praias e jardins, até ao Parque Urbano de Albarquel, sempre com a Arrábida em fundo.

 

Sim, em Almada também há rio, mas não é a mesma coisa... Até porque se for correr para o Ginjal, ainda me cai uma parede de uma fábrica abandonada em cima...

 

Além disso, foi junto ao Sado que comecei a fotografar, entusiasmado com o meu novo passatempo. Tenho tantas, mas tantas fotos, quase todas muito más, mas quase todas muito boas. Aprendi imenso com elas.

 

Foi também assim que nasceu este post, enquanto corria este Domingo, e me ia lembrando das fotos que por ali fui tirando ao longo dos anos.

 

Ainda nem eram 9h da manhã, mas já se sentia o calor, e com calor a corrida custa sempre mais. Não fazia mal. Estava em Setúbal e isto é um bocado como nos jogos de futebol. Quando se corre em casa, é sempre muito mais fácil.

 

(As fotos foram tiradas entre 2008 e 2009)

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Reflexos

 

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Duas fotos separadas por quase oito anos. Ambas tiradas em Setúbal. A de cima foi tirada com a minha primeira máquina, poucas semanas depois de a ter recebido. Parece que vários anos, algumas máquinas, e muitas fotos depois, há coisas que continuam a captar o meu olhar da mesma maneira...

 

 

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O Regresso do Barco Vemelho

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Tinha falado, há já alguns meses, do infame barco vermelho que me dificultou a vida quando tirava fotos na Herdade da Mourisca. Mas agora chegou a altura de fazermos as pazes, e dar-lhe o protagonismo que ele já vinha a reclamar. "Quando não os podes vencer, junta-te a eles", já diz o ditado.

 

Outras fotos da Herdade da Mourisca, com e sem barco vermelho, podem ser vistas aqui, ou aqui.

 

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Forte de São Filipe

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O Forte de São Filipe, construído no séc. XVI, é um dos grandes atractivos da cidade de Setúbal. A sua localização privilegiada, sobranceira à cidade, oferece o quem a visita uma vista fabulosa. Infelizmente o forte, e a pousada que lá se encontra instalada, encontram-se encerrados ao público desde 2014.

 

A instabilidade da encosta obrigou a este cenário, enquanto não forem feitas obras de recuperação, previstas para este ano.

 

Há uns dias, ao fazer umas "arrumações" no disco do computador, encontrei algumas das fotos antigas que lá tirei. Espero que não demore muito até que o forte de São Filipe volte a receber visitantes, mas enquanto isso não acontece, ficam estas fotografias, que tirei em 2008.

 

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Arrábida

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Este último fim de semana, aproveitei estar na "minha" Setúbal para dar uma volta pela serra da Arrábida. Há anos que não ia a um dos meus sítios preferidos, este miradouro, meio escondido pela vegetação, de onde se tem uma vista fantástica, desde a cidade e Tróia, até ao Portinho da Arrábida. 

 

Demorei-me por lá. É fácil demorarmo-nos em sítios assim. Até tinha levado a máquina fotográfica, mas nem saiu do carro.

 

A foto acima, tirei com o telemóvel, antes de voltar à civilização, só para registar o momento... Por isso deixo aqui três outras fotografias, tiradas já há alguns anos.

 

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Se não contarem a mais ninguém, eu digo onde fica.

 

É aqui.

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