Ler Devagar - Ou porque gosto de livrarias
O senhor Medeiros recebia-me sempre com um sorriso. Lembro-me tão bem dele. Muito magro e alto - ou era eu que ainda era muito pequeno? - O fumo dos seus cigarros quase chegava para esconder o seu olhar curioso que me seguia uns instantes, até me perder nos recantos da sua livraria, onde me pareciam caber todos os livros do mundo e as estantes formavam uma espécie de labirinto. Em cada prateleira um arco-íris, em cada título a promessa de uma aventura, uma viagem, um novo mundo.
Acho que o meu gosto por livrarias vem desses tempos de miúdo. Há algo de reconfortante nas estantes cheias de livros, de cor, de história e estórias. Não é por acaso que em cada cidade que visito procuro as livrarias que merecem uma visita. Um dos meus sítios preferidos de Paris é a Shakespeare and Company, e foi com entusiasmo que descobri o Ateneo Grand Splendid em Buenos Aires.
Por isso é estranho que ainda não tivesse visitado a Ler Devagar, eleita várias vezes uma das livrarias mais bonitas do mundo. Não deve haver nenhum blog ou conta de instagram que se preze que não tenha já mostrado a foto da rapariga numa bicicleta com asas, que paira sobre os visitantes, por cima da cabeça dos visitantes.
Um destes fins de semana passei finalmente por lá. Para tirar fotos, sim, mas também para me perder nos seus recantos, onde parecem caber todos os livros do mundo e cada título promete uma aventura, uma viagem, um novo mundo. Mais uma vez, lembrei-me do senhor Medeiros, que com o seu olhar curioso que o fumo do cigarro não conseguia esconder, me observava enquanto eu desaparecia no seu labirinto de livros.
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