A exposição abre com os retratos dos domadores de Hienas, que tornaram Pieter Hugo famoso e lhe valeram o World Press Photo em 2006. Lembro-me delas dessa altura e, no entanto, desconhecia o trabalho registado nas restantes 14 séries que compõem esta retrospectiva. Fico feliz por poder agora dizer que conheço um pouco mais da obra deste que é um dos fotógrafos incontornáveis dos nossos tempos. Ali estão momentos, pessoas, sentimentos, os contrastes que tanto fascinam o fotógrafo, imortalizados de uma maneira tão crua, tão bela e marcante que ainda hoje me continuam no pensamento, quase uma semana depois de ter estado na inauguração.
Marcado pelos "os vestígios visíveis e invisíveis e as cicatrizes das vivências biográficas e da experiência histórica nacional, Hugo mostra especial interesse pelas subculturas sociais, pelo fosso entre o idealizado e o real (...). O que é que nos divide e o que é que nos une? Como é que as pessoas vivem sob a sombra da repressão cultural ou do domínio político? O fotógrafo sul-africano Pieter Hugo (Joanesburgo, 1976) aborda estas questões nos seus retratos, nas suas naturezas-mortas e nas suas paisagens", numa grande exposição trazida a Portugal pelo Museu Colecção Berardo, a que hei de voltar pelo menos mais uma vez. A densidade temática, o impacto e a beleza daquelas fotografias assim o exige.
As fotografias estarão em exposição até Outubro, por isso não percam a oportunidade de as visitar, é absolutamente imperdível.
Uma exposição do Kunstmuseum Wolfsburg.
Pieter Hugo. Between the Devil and the Deep Blue Sea (Entre a Espada e a Palavra) Curadoria de Uta Ruhkamp. Patente até 07/10/2018, no Piso-1 do Museu Coleção Berardo. Aberto todos os dias, das 10h00 às 19h00 (última entrada: 18h30) - A entrada no Museu Berardo é gratuita aos Sábados.
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.
Depois de décadas de planeamento e construção, o Aqueduto das Água Livres fez finalmente chegar aos chafarizes de Lisboa a água que tanto escasseava na capital, em 1748. Esta obra revolucionária, que permitiu triplicar o volume de água acessível à população, ainda não era, no entanto, suficiente para as necessidades da população. Com a construção da estação elevatória a vapor dos Barbadinhos e uma rede de canalizações que permitisse trazer mais água aos lisboetas, em 1880, a situação melhorou. Este precioso recurso continuava, no entanto, a não ser tão abundante quanto o desejável, com a média de litros disponíveis por habitante bem inferior à média das cidades mais desenvolvidas, e só no século seguinte, já perto dos anos 1940, a rede de distribuição começou a estar à altura das necessidades da cidade.
Estas são apenas algumas das curiosidades que aprendi na visita que fiz aos vários núcleos museológicos da EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres. A pretexto dos 150 anos da empresa, tive a sorte de ser convidado a conhecer o Museu da Água, a subir ao imponente Aqueduto das Águas Livres e a descer às galerias subterrâneas que rasgam o subsolo do centro de Lisboa.
Museu da Água
O ponto de encontro estava marcado para o Museu da Água. Meio escondido em Alfama, não muito longe do Panteão Nacional, a antiga estação elevatória a vapor dos Barbadinhos, foi a maior surpresa da visita. Incrível como não conhecia este espaço, imperdível para conhecer um pouco mais da história da cidade. O Museu divide-se entre e a exposição permanente, num espaço renovado recentemente, cuja temática está reflectida na arquitectura fluida e futurista, e a antiga estação a vapor, que ainda mantém o aspecto e maquinaria originais. O espaço está tão bem preservado que uma das enormes máquinas ainda funciona, para efeitos demonstrativos.
Aqueduto das Água Livres
Da Estação dos Barbadinhos seguimos para uma visita ao aqueduto. Esta histórica infra-estrutura - a maior do género no mundo, em pedra e alvenaria - dispensa apresentações. Mesmo com o tempo chuvoso, a vista não deixa de impressionar, assim como a escala esmagadora do monumento que sobreviveu quase intocado ao terramoto de 1755.
Mãe d'Água
Rumo às Amoreiras, para a etapa mais aventureira desta visita. Primeiro a visita à Mãe d'Água, que à época em que foi construida funcionava como reservatório da água que aí chegava, através do aqueduto. Além da beleza sóbria do interior, ainda tive o privilégio de encontrar o artista David Oliveira a preparar a sua exposição naquele espaço. Após uma pausa para almoço, descemos ao subsolo, não sem antes equiparmos a rigor, com capacetes de segurança. Aqui encontrámos a entrada para um longo túnel, que na parte visitável se estende da Mãe d'Água até ao Reservatório da Patriarcal, localizado por baixo do Príncipe Real.
Reservatório da Patriarcal
O túnel permite atravessar esta zona da cidade de forma rápida (e fresca, o que agora no Verão é óptimo) e tem a particularidade curiosa de, ao longo do percurso, apresentar nas paredes os nomes das ruas que ficam uns metros acima. Conduz a este espaço incrível, que também não conhecia, o Reservatório da Patriarcal. Hoje em dia, também já não cumpre as funções para que foi construído, sendo agora palco de eventos, exposições e concertos. Da Patriarcal, saímos para o miradouro de São Pedro de Alcântara, dando como terminada esta visita, que nos levou pela história do abastecimento de água em Lisboa - que corre também em paralelo com a história da cidade nos últimos 150 anos.
Os 150 anos da EPAL
Visitar o aqueduto, os reservatórios, ou a estação a vapor dos Barbadinhos, é visitar artefactos históricos da cidade, que embora obsoletos na sua função, continuam como lembrança do engenho e perseverança de quem teve a visão para realizar estas obras ímpares. Para celebrar os 150 anos da EPAL, além de vários eventos, as entradas em todos estes espaços são gratuitas aos Sábados, até ao final do ano.
Ficaram com vontade de visitar?
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.
Enquanto não se resolve a polémica em torno do futuro Museu das Descobertas, o mais próximo que temos em Lisboa de um espaço dedicado aos descobrimentos, é o Museu de Marinha. A exposição é mais abrangente que isso, fazendo um resumo do que tem sido a relação dos portugueses com o mar, mas as primeiras salas falam-nos um pouco dos descobrimentos, com várias réplicas de vários navios e instrumentos de navegação recuperados de naufrágios ( oh não! Escrevi "descobrimentos". Peço desculpa aos ofendidos, ainda não sei qual a palavra politicamente correcta).
As salas seguintes são dedicadas à marinha portuguesa, mas também à navegação civil, com uma zona dedicada à indústria pesqueira. No final da ala que se encontra no mosteiro dos Jerónimos, podemos ver o que resta do antigo iate Dona Amélia - navio de recreio e investigação cientifica mandado construir pelo rei D. Carlos - que apesar de ter sido desmantelado, viu o seu interior preservado.
A visita termina no Pavilhão das Galeotas, à esquerda do edifício dos Jerónimos, construído para alojar, não surpreendentemente, a colecção de galeotas reais. A jóia da coroa da exposição é o enorme (e magnífico) bergantim real, construído em 1780 e ricamente decorado em talha dourada.
Ao seu redor, vários barcos e navios encontraram o seu último porto e contam um pouco da história naval de Portugal. Aqui encontram-se várias embarcações tradicionais e de recreio e até três hidroaviões, entre os quais o "Santa Cruz", em que o Almirante Gago Coutinho e o Comandante Sacadura Cabral concluíram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.
Recentemente tive a sorte de ser convidado para um evento - de que falarei brevemente aqui no blog - que incluía uma visita ao reservatório da Mãe d'Água. Como se o espaço já não fosse suficientemente impressionante por si só, tive o privilégio de a visita coincidir com a altura em que o artista David Oliveira preparava a sua próxima exposição. Conheci o trabalho deste jovem e talentoso artista há alguns meses e desde aí que passei a segui-lo com interesse. Imaginem então o que foi dar de caras com ele, enquanto montava as suas maravilhosas e etéreas esculturas, que mais parecem desenhos a três dimensões, suspensos no ar).
Só publico duas fotos, porque não quero estragar a surpresa, nem revelar as várias peças que por lá podem ser admiradas a partir de hoje, dia 7 de Junho. Para quem tiver ficado curioso, a exposição prolonga-se até ao dia 16 de Setembro, no seguinte horário:
Terça a sábado das 10h às 12h30 e das 13h30 às 17h30. Encerra ao domingo e segunda.
Os bilhetes para a Mãe d'Água custam 3€, mas no âmbito da comemoração dos 150 anos da EPAL, as entradas são gratuitas aos Sábados (aqui e em todos os núcleos museológicos da EPAL até ao final do ano, incluindo o Aqueduto das Águas Livres).
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.
Os dias de primavera ainda andam cinzentos, mas que tal dar um pouco de cor ao fim de semana, com uma visita à exposição Linha, Forma e Cor, no Museu Berardo?
Se este pequeno conjunto de obras da Coleção Berardo, em que os artistas utilizam livre e criativamente a linha, a forma e a cor, abrir o apetite para mais, o museu tem mais duas exposições que merecem ser vistas. Uma de fotografia - Photo-Metragens de João Miguel Barros - e outra que, de maneira muito divertida e original, transforma em arte objectos do nosso quotidiano.
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.
Quando no início deste ano decidi que iria visitar mais monumentos e museus de Lisboa, o Mosteiro dos Jerónimos estava nos primeiros lugares da minha lista. Ainda fui primeiro à Sé de Lisboa e ao Museu Arqueológico do Carmo, mas os Jerónimos tiveram de ser a visita seguinte, ou não fosse este um dos nossos mais emblemáticos monumentos.
Cheguei cedo, logo na abertura, e ainda bem. As filas que se foram formando atrás de mim deixaram logo perceber que não ia ser fácil fotografar sem apanhar magotes de turistas nas fotos. Nada que um bocadinho de paciência não resolva, como sempre. Recomendo vivamente que se faça a visita num dia de Sol. A luminosidade que o espaço ganha, quando a luz reflecte na pedra clara das paredes, é qualquer coisa de mágico.
Podem seguir as minhas fotos no Instagram, no Facebook ou subscrever os post por email, no fundo da página.