Viajar Duas Vezes
Quando viajo, viajo duas vezes.
Desde há uns anos, após cada viagem, que tenho o mesmo ritual. Fazer um livro com as minhas fotos preferidas.
Vejo e revejo todas as fotos que tirei (umas boas centenas, sempre), e escolho as que mais gosto. Talvez fique com 200 a 300 fotografias. Não são só as que acho melhores. São também as mais divertidas, as que mostram pormenores mais curiosos, as que melhor me fazem lembrar a sensação de lá ter estado.
Depois de escolher e editar todas as fotos, o que ainda demora uns dias, começo a preparar o livro. Uso um programa muito simples, em que só tenho de me preocupar com a disposição das fotografias. Adoro o processo de escolher o layout para cada página, as melhores combinações de fotos.
Ainda gasto mais uns dias neste processo, testo várias opções. Às vezes acrescento texto, outras só legendas para os locais mais importantes. Num dos livros coloquei mapas com os percursos. Depende da disposição. Adoro este processo, mas a minha parte preferida é que me permite reviver a viagem que fiz, de uma maneira completamente diferente.
Viajar é uma das coisas que mais me faz feliz. A antecipação até chegar ao destino, o entusiasmo de estar a viver um sítio em que tudo é novo, passear por ruas desconhecidas, contemplar paisagens que nos fazem sentir tão pequenos, mas tão vivos. Conhecer pessoas novas, ver animais que só conhecia dos documentários de domingo à hora de almoço, quando era miúdo.
Após uma experiência destas, acalmar, respirar fundo, e rever o que vivi através das fotos que tirei, ajuda-me a tirar o melhor de cada viagem. E anos depois, poder folhear qualquer um dos livros que fiz, transporta-me imediatamente para momentos que foram, e são, tão importantes para mim.