Andava com vontade de visitar as Caldas da Rainha desde que vi uma reportagem sobre os edifícios abandonados, que ainda elegantes, resistem à passagem do tempo no Parque D. Carlos I. No regresso a Lisboa, depois da visita ao Mosteiro da Batalha, o farto almoço pedia uma caminhada e este revelou-se o destino perfeito para um passeio. A localização é magnífica. No lago os patos e cisnes convivem com os barcos a remos, e os recantos de sombra sucedem-se entre as vastas áreas para brincar. Até existe um museu mesmo no centro do parque, dedicado ao grande pintor José Malhoa. No entanto é mesmo o enorme edifício abandonado que marca a paisagem, porque embora o interior esteja em estado preocupante, a fachada conserva a beleza de sempre.
A história remonta ao reinado de D. João V, quando se decidiu criar um parque de apoio ao hospital termal, para que os doentes em convalescença pudessem passear. No século XIX, Rodrigo Berquó,administrador do hospital remodelou profundamente o parque, tornando-o num dos mais atractivos e visitados do país. Ao mesmo tempo deu marcha ao seu sonho, criar uma estância termal de excelência, projectando os "pavilhões do parque”. Embora este enorme edifício tenha sido construído, quis o destino que nunca chegasse a cumprir a sua função. Nos 100 anos seguintes serviu de quartel militar, escola, esquadra de polícia e sede de várias entidades, até chegar ao estado de abandono em que hoje se encontra. Aparentemente a Câmara Municipal tem um plano para concessionar o espaço como hotel, mas o projecto tarda em arrancar. Esperemos que desta vez o sonho de Berquó saia do papel. Seria uma justa homenagem ver os "pavilhões do parque” finalmente a funcionar como um dos mais belos hotéis do país.
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Depois de décadas de planeamento e construção, o Aqueduto das Água Livres fez finalmente chegar aos chafarizes de Lisboa a água que tanto escasseava na capital, em 1748. Esta obra revolucionária, que permitiu triplicar o volume de água acessível à população, ainda não era, no entanto, suficiente para as necessidades da população. Com a construção da estação elevatória a vapor dos Barbadinhos e uma rede de canalizações que permitisse trazer mais água aos lisboetas, em 1880, a situação melhorou. Este precioso recurso continuava, no entanto, a não ser tão abundante quanto o desejável, com a média de litros disponíveis por habitante bem inferior à média das cidades mais desenvolvidas, e só no século seguinte, já perto dos anos 1940, a rede de distribuição começou a estar à altura das necessidades da cidade.
Estas são apenas algumas das curiosidades que aprendi na visita que fiz aos vários núcleos museológicos da EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres. A pretexto dos 150 anos da empresa, tive a sorte de ser convidado a conhecer o Museu da Água, a subir ao imponente Aqueduto das Águas Livres e a descer às galerias subterrâneas que rasgam o subsolo do centro de Lisboa.
Museu da Água
O ponto de encontro estava marcado para o Museu da Água. Meio escondido em Alfama, não muito longe do Panteão Nacional, a antiga estação elevatória a vapor dos Barbadinhos, foi a maior surpresa da visita. Incrível como não conhecia este espaço, imperdível para conhecer um pouco mais da história da cidade. O Museu divide-se entre e a exposição permanente, num espaço renovado recentemente, cuja temática está reflectida na arquitectura fluida e futurista, e a antiga estação a vapor, que ainda mantém o aspecto e maquinaria originais. O espaço está tão bem preservado que uma das enormes máquinas ainda funciona, para efeitos demonstrativos.
Aqueduto das Água Livres
Da Estação dos Barbadinhos seguimos para uma visita ao aqueduto. Esta histórica infra-estrutura - a maior do género no mundo, em pedra e alvenaria - dispensa apresentações. Mesmo com o tempo chuvoso, a vista não deixa de impressionar, assim como a escala esmagadora do monumento que sobreviveu quase intocado ao terramoto de 1755.
Mãe d'Água
Rumo às Amoreiras, para a etapa mais aventureira desta visita. Primeiro a visita à Mãe d'Água, que à época em que foi construida funcionava como reservatório da água que aí chegava, através do aqueduto. Além da beleza sóbria do interior, ainda tive o privilégio de encontrar o artista David Oliveira a preparar a sua exposição naquele espaço. Após uma pausa para almoço, descemos ao subsolo, não sem antes equiparmos a rigor, com capacetes de segurança. Aqui encontrámos a entrada para um longo túnel, que na parte visitável se estende da Mãe d'Água até ao Reservatório da Patriarcal, localizado por baixo do Príncipe Real.
Reservatório da Patriarcal
O túnel permite atravessar esta zona da cidade de forma rápida (e fresca, o que agora no Verão é óptimo) e tem a particularidade curiosa de, ao longo do percurso, apresentar nas paredes os nomes das ruas que ficam uns metros acima. Conduz a este espaço incrível, que também não conhecia, o Reservatório da Patriarcal. Hoje em dia, também já não cumpre as funções para que foi construído, sendo agora palco de eventos, exposições e concertos. Da Patriarcal, saímos para o miradouro de São Pedro de Alcântara, dando como terminada esta visita, que nos levou pela história do abastecimento de água em Lisboa - que corre também em paralelo com a história da cidade nos últimos 150 anos.
Os 150 anos da EPAL
Visitar o aqueduto, os reservatórios, ou a estação a vapor dos Barbadinhos, é visitar artefactos históricos da cidade, que embora obsoletos na sua função, continuam como lembrança do engenho e perseverança de quem teve a visão para realizar estas obras ímpares. Para celebrar os 150 anos da EPAL, além de vários eventos, as entradas em todos estes espaços são gratuitas aos Sábados, até ao final do ano.
Ficaram com vontade de visitar?
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Quando no início deste ano decidi que iria visitar mais monumentos e museus de Lisboa, o Mosteiro dos Jerónimos estava nos primeiros lugares da minha lista. Ainda fui primeiro à Sé de Lisboa e ao Museu Arqueológico do Carmo, mas os Jerónimos tiveram de ser a visita seguinte, ou não fosse este um dos nossos mais emblemáticos monumentos.
Cheguei cedo, logo na abertura, e ainda bem. As filas que se foram formando atrás de mim deixaram logo perceber que não ia ser fácil fotografar sem apanhar magotes de turistas nas fotos. Nada que um bocadinho de paciência não resolva, como sempre. Recomendo vivamente que se faça a visita num dia de Sol. A luminosidade que o espaço ganha, quando a luz reflecte na pedra clara das paredes, é qualquer coisa de mágico.
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Mesmo ao lado da Capela das Almas, fica a estação de metro do Bolhão. Com esta vizinhança, este seria um desafio para qualquer arquitecto. Mas claro que Eduardo Souto Moura, que desenhou as estações do Metro do Porto, não é um arquitecto qualquer e o resultado é um casamento perfeito com envolvente. As linhas são simples mas marcantes e a estação destaca-se sem destoar. Basta ver a opção tomada no revestimento da fachada. Os azulejos criam continuidade com a igreja, ao mesmo tempo que a predominância do branco não lhe rouba protagonismo.
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No Porto não faltam igrejas altamente fotogénicas. Sobretudo pelo hábito, pouco comum no sul do país, de revistir as fachadas a azulejos. Curiosamente, a mais impressionante de todas pertence a uma das igrejas mais pequenas da cidade.
É mais ou menos a meio da rua de Santa Catarina, muito perto do mercado do Bolhão, que fica a Capela das Almas. A traça é simples e as dimensões não impressionam por aí além, mas aquele azul tão vibrante tem o impacto de uma catedral. Sobretudo no enorme painel lateral, que mostra episódios da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina.
Quando se tem uma cena destas à frente, não é preciso muito esforço para fazer boas fotos. E estas são das minhas preferidas, das que tirei neste saltinho à invicta.
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