Quem espera nem sempre alcança
A estrada até Piodão não passa onde se quis construir, mas onde o serpentear da serra deixou. São curvas e contra-curvas, sempre com uma vista deslubrante. Enquanto descia até ao fundo do vale, reparei uma zona da estrada que enquadrava a pequena aldeia na perfeição. Em primeiro plano a estrada, lá mais em baixo fazia uma espécie de "S". Fiquei logo com ideias.
Giro, giro, era se conseguisse apanhar o rasto das luzes de um carro, a marcar aquele "S" da estrada, com uma longa exposição - pensei.
No dia seguinte, depois de jantar, conduzi até ao "miradouro" que tinha escolhido. Esperei.
Esperei.
Esperei mais um pouco.
O meu plano tinha uma pequena falha, aparentemente. A estrada tem pouco movimento. Sobretudo à noite, é raro passar um carro. Esperei quase uma hora... e finalmente ouvi o som de rodas no alcatrão.
Um carro passou por mim... Não sem antes os ocupantes me lançarem um olhar meio incrédulo.
Só que entretanto, eu já tinha mudado o tripé para outro sítio, um pouco mais acima na estrada. Hesitei em voltar atrás, mas não queria perder a oportunidade. O enquadramento ali não era tão bom... Mas já tão tinha tempo para emendar.
Esperei mais um pouco... As árvores não me deixavam ver o percurso do carro, por isso guiei-me pelo ouvido...
Click.
Falhei o timing! Só apanhei o rasto dos faróis já a meio da estrada.
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