O Ninja das Oficinas Gerais
Desde a minha primeira exploração de Alfama que esta rua me chamou à atenção. O casario simples, típico dos bairros lisboetas, é vigiado de cima pelas elegantes torres da Igreja de São Vicente de Fora. Ao longo da rua, os carris da emblemática carreira 28 cortam a calçada. Era difícil encontrar um postal turístico mais perfeito.
Não surpreendentemente, é uma das ruas mais fotografadas da capital. Nos últimos tempos, tenho-a visto cada vez mais vezes por essa internet fora. E por isso, decidi que mais valia despachar-me, sob pena de ser o último a tirar fotos à Rua das Oficinas Gerais.
Levantei-me cedo, como sempre. Quando estava perto da rua, passou um eléctrico. Azar - pensei, enquanto me preparava para esperar pelo próximo.
Estava pouco movimento aquela hora. Perfeito, porque o que queria mesmo, era apanhar a entrada do 28 na rua, sem pessoas no enquadramento. Já perceberam como acaba esta história não já?
Pois...
Meia hora passou, e ouço o chiar do eléctrico nos carris, a máquina preparada.
Nem vivalma na rua...
O 28 aproxima-se. Começo a apertar o disparador...
Pelo canto do olho vejo um vulto... Oh não!!!
Era uma senhora de alguma idade. Vê-me naqueles preparos, quase ajoelhado no meio da estrada. Tem pena de mim e pára, para me deixar tirar a foto...
Ufff...
Aí vem ele. Ninguém na rua!
E puffffffff.
Materializa-se um turista. Do nada.
Seria ninja? Daqueles com bombinhas de fumo?
Fez rapel do telhado? Viajou no tempo? Estava escondido atrás de uma pedra solta da calçada?
Tudo boas questões. Todas sem resposta.
O turista ninja estragou-me a foto... Não faz mal, a luz também não estava grande coisa - pensei eu, para me animar.
Parece que vou mesmo ser o último a fotografar o 28 na Rua das Oficinas Gerais.