O homem e o corvo marinho
35 mm | 1/125 s |f 2.8 | ISO 200
Eu gosto de apanhar pessoas nas minhas fotos, mas como complemento ao que estou a fotografar, para dar contexto e escala. Quase nunca como motivo principal da fotografia. Nada contra esse tipo de fotografia, pelo contrário, muitos dos meus fotógrafos preferidos são exímios nessa arte. Só não é o estilo que eu mais goste de captar. Sobretudo porque sinto que me estou a intrometer na vida das pessoas, a captar um momento que é mais delas do que meu.
Mas há excepções a qualquer regra, e neste dia, pelo enquadramento da cena, pelo ar carismático deste homem, e quase que por impulso, apontei e disparei. Tão sem pensar, que nem tinha as definições da máquina prontas para captar o movimento, e como se nota, o homem ficou ligeiramente desfocado.
Quando ele passou por mim, pareceu-me que lançava um olhar reprovador, que aliás até se vê na foto. E quando logo de seguida parou a sua marcha e se virou para mim, temi que me fosse pedir para apagar a foto.
Mas sorriu, e apontou para o seu lado direito - "Está ali um corvo marinho. Aproveita que não é costume por aqui." - Desarmado pela simpatia sorri e agradeci, precipitando-me em direcção ao corvo, enquanto pensava que a objectiva que levava (16-35 mm) me ia obrigar a ter de chegar demasiado perto - "Se te aproximas ele foge" - disse ainda o homem, enquanto seguia o seu caminho.
Bem dito bem, bem feito. Assim que me aproximei, o corvo marinho foi também à sua vida.