A arrogância de quem nos governa
Este blog é um escape, para mim que escrevo e provavelmente para muitos que o lêem. E por isso sempre me abstive de fazer aqui considerações a temas mais sensíveis, ou falar daquilo que me incomoda no "mundo real".
Hoje, depois das últimas notícias sobre os acontecimentos deste fim de semana, leio as reacções dos nossos governantes e é muito difícil não sentir revolta.
Depois das tragédias do Verão, o cenário repetiu-se. Situações extraordinárias acontecem, é certo. Mas é obrigação de quem nos governa elevar-se à altura das mesmas. Ou, no mínimo, ter a capacidade de perceber o que correu mal e deitar mãos à obra para que isto não se volte a repetir.
Nada disso tem acontecido. Pelo contrário, a reacção vem cheia de arrogância e inacreditável insensibilidade. "É tudo normal". "São coisas que acontecem"...
"As comunidades têm de se tornar mais resilientes às catástrofes"
"Seria mais fácil (...) ir-me embora e ter as férias que não tive" - afirma a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.
Ou ainda,
É “um bocado infantil” demitir a ministra.
Dias negros "seguramente vão repetir-se"
"Essa obsessão de que falhou alguma coisa não faz sentido. ” - diz António Costa.
E assim vai o nosso Governo. Não há responsáveis, nem responsabilidade. Não há sequer sensibilidade e compreensão para quem perdeu tudo, ou para quem arrisca a vida no terreno, lutando contra o fogo mas também contra a falta de meios e de coordenação. É imperdoável que se digam estas coisas, sempre de sorriso nos lábios, sem nunca ser capaz de pedir desculpa às vítimas, pelas falhas de que o governo é o último responsável.
Que a gestão desta tragédia tem sido incompetente, todos já tinham percebido, mesmo antes do relatório arrasador divulgado a semana passada, em que nenhuma entidade se livrou de um atestado de incompetência.
Pior que a incapacidade em gerir toda esta situação, é a arrogância de António Costa, ao achar que não tem prestar contas ao povo que foi nomeado para proteger.
No meio da desgraça resta-me expressar a minha admiração por aqueles que, tendo voz, ou capacidade de agir no terreno, não abdicam de lutar no limite das suas forças.